marionete O primeiro referencial do sexo masculino que temos na vida, são os nossos pais, e o modo como interagimos com eles acaba definindo muitas vezes também o modo como nos relacionaremos amorosamente com os homens.

A desvantagem de ter um pai “salvador” é a possibilidade de sair para o mundo acreditando que todos os homens são bons, protetores e confiáveis e acabar se estrepando. Quando se vive em uma família tradicional, nos moldes tradicionais, pode ocorrer uma certa dificuldade para lidar com o fato de que talvez conosco não funcione bem dessa maneira.   Percebo que a sociedade e até mesmo as mulheres do nosso convívio, disseminam a ideia equivocada de que não nos bastamos sozinhas, que temos que ser tolerantes com os homens de nossas vidas, que ” arvore que não se curva com o vento tem seus galhos quebrados”, mas eu só consigo me perguntar pra quê.

Pra quê passar por cima das próprias vontades e se submeter a aturar situações degradantes aceitando um homem que não corresponde um terço de nossas expectativas? images (1) Esses dias uma amiga minha ficou doente e se queixou que o namorado com quem ela estava há cinco anos, não se deu ao trabalho de visitá-la no hospital, e que assim como nesse aspecto, ele deixava a desejar em muitos outros. Quando perguntei a ela porque ela não terminava com ele, ela me respondeu simplesmente ” Não consigo viver sem ele” , e eu fiquei ali pasma observando aquela mulher independente financeiramente, que superou diversos problemas sozinha, dizendo que não consegue viver com a ausência de um cara que nunca esteve realmente presente.

Quantas e quantas mulheres edificaram seus lares, sustentaram seus filhos, são lindas, desejáveis, inteligentes, auto-suficientes, mas desperdiçam seus tempos e suas vidas ao lado de um homem violento, um homem traidor, um homem alcoólatra, um homem vagabundo?

Quantas mulheres são viúvas de maridos vivos?

Toda vez que me acusam de radical demais, ou desdenham de mim quando digo que prefiro estar só a me envolver com um homem que não supra meus anseios, eu invariavelmente analiso como a sociedade e a mídia em geral, desencorajam a solitude, nos fazendo acreditar que somos fracassadas se estivermos solteiras, nos fazendo acreditar que a solidão é sinônimo de decadência, nos fazendo acreditar que não interessa se somos estudiosas, trabalhadoras, boas mães e vencedoras no sentido mais amplo da vida: A partir do momento em que não temos um homem pra chamar de nosso, todos os nossos valores não foram validados, somos reduzidas então a mulheres fracassadas, devemos aceitar o primeiro “ancora” que surge em nossas vidas e fica ali, amarrado a nossos pés nos impedindo ,nos regulando.

Eu aqui buscando minha independência no sentido mais amplo, buscando ser auto-suficiente a ponto de não colocar minhas expectativas em torno de uma outra pessoa… E as mulheres que me cercam tão oprimidas quanto qualquer outra, me acusando de “mal amada”, insinuando que tenho tendências lésbicas , me aconselhando a me mostrar mais delicada e indefesa pra atrair um homem pra “cuidar de mim”, como se minha auto-suficiência fosse uma doença.

Se não fôssemos incentivados desde sempre a achar que o amor só é verdadeiro se existe sacrifício, se não fôssemos incentivados a acreditar que uma coisa só tem valor se ela deriva da dificuldade, não teríamos todo um universo de pessoas loucas, matando e morrendo lentamente por causa de um amor que não é amor, de uma pessoa “insubstituível” a quem a melhor vantagem é substituir.

Enquanto todos levantam a bandeira do romantismo, quando falam sobre privar e se privar em relacionamentos, eu só enxergo burrice. Não consigo ver altruísmo algum em uma pessoa que entra em um relacionamento com uma pessoa que não a supre e se dispõe a aceitá-la(mudando-a veladamente mas isso não é dito) pra que ocorra um relacionamento. Vejo mais como egocentrismo, egoísmo. Se acham tão relevantes que acreditam que o outro, por prova de amor, deve mudar-se ,adaptar-se às diferenças que parecem (e são)irremediáveis.20288e16a0d06c100921521235ffca4f Existe algo de genuíno em quem não se curva e não tenta fazer atrocidades se adaptando ao inadaptável: Quando resolvem se unir a alguém, geralmente estão completas, não buscam suprir suas lacunas emocionais às custas do outro, não exigem grandes mudanças e sacrifícios,vêm pra somar e dividir com aqueles com quem se relacionam, fazem o outro se sentir melhor por perceberem ser amados e aceitos exatamente pelo que são. Existe um ato de coragem nisso.

Que auto-valorização eu tenho se resolvo me relacionar com um homem fraco a ponto de eu ter que me mostrar frágil pra que ele não se sinta ofuscado pela minha força?

Em que me acrescenta?

Pra quê ter um homem que me trate de forma tal, que detona minha auto-estima e me faz sentir menos do que sou por estar ao lado dele?

E que tipo de pessoa fraca menospreza aqueles que têm o arrojo e coragem suficientes para pertencerem só a si mesmos, pra se bastarem, alheios a qualquer convenção social?

Que o amor surja para as pessoas quando elas não precisarem de nada e de ninguém. E que não haja moeda de troca, que não se entregue amor por carência,  nem amor por medo, nem amor por dinheiro, nem amor por qualquer outra coisa que turve o significado real do amor.

2 respostas para “Sobre “amor incondicional” e todo um universo de gente doente”.

  1. É isso ai, se quiser sexo casual estamos aqui!

    1. Se enxerga, fio. It’s is not for you

Deixe um comentário

Tendência